Atualmente o Brasil é o maior produtor de café do mundo e, além disso, um dos maiores especialistas em pragas do café.
Além do título sobre a produção, o café também tem uma grande carga histórica no país, principalmente entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.
Em 2018, o Brasil teve um aumento de 37% na produção de sacas do produto, atingindo 61,7 milhões, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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No entanto, diariamente os produtores veem sua produtividade ameaçada por diversos fatores, entre eles as doenças e pragas.
Por isso, neste artigo abordaremos as principais pragas agrícolas para a cultura do café e como o Manejo Integrado de Pragas (MIP), aliado a uma boa Gestão Agrícola, pode ajudar a evitá-las.
Bicho-mineiro
Dentro das pragas do café, o famoso “Bicho-Mineiro” (Leucoptera coffeella),
é a praga que mais preocupa o produtor, devido a sua incidência generalizada.
Essa lagarta pode reduzir a produtividade do cafeeiro em até 72%, causando alta porcentagem de desfolha e afetar negativamente a produtividade.
Em tempos de menor umidade e altas temperaturas, os ataques tendem a ser mais severos e intensos.
Assim, para identificar a porcentagem de ataque, o ideal é que sejam realizadas amostragens em cada talhão.
Controle
Há diversas opções de métodos de controle, tais como cultural, genético, biológico e químico. Portanto, o controle é preventivo, sendo feio geralmente por meio de inseticida e fungicida sistêmicos.
Controle Cultural
A utilização de quebra-ventos, ou arborização auxiliam na redução do ataque da praga. Aqui são indicadas a seringueira, abacateiro, cajueiro, bananeira, por exemplo.
Controle Biológico
O controle biológico do bicho-mineiro é feito por predadores, parasitóides e entomopatógenos.
O predatismo das lagartas do bicho-mineiro é feito principalmente pelas vespas Enxu (Protonectarina sylverae), Brachygastra lecheguana, Cabatatu (Synoeca cyanea), Camoatim (Polybia scutellaris) e Eumenes sp., que tem eficiência de cerca de 70%.
Já o parasitismo natural apresenta cerca de 18% de eficiência no controle da praga, sendo utilizados principalmente a Colastes letifer, Mirax sp., Closterocerus coffeella, Horismenus sp. e Proacrias sp.
Há casos relatados de presenças de bactérias e fungos em lagartas mortas. As bactérias Erwinia herbicola e Pseudomonas aeruginosa, por exemplo, são apontadas como os microorganismos eficientes no controle da praga.
Controle químico
Dados de trabalhos de pesquisa realizados pela EPAMIG em Minas Gerais, mostram que o controle químico deve ser efetuado quando ocorrer 30% de folhas minadas, identificadas na amostragem, sem rasgaduras provocadas por vespas predadoras no meio ou na parte superior da folha.
Broca-do-café
Esta é uma das pragas do café mais prejudiciais, pois ataca os grãos do café em qualquer estágio de maturação, inclusive quando ele já está seco.
Ela é encontrada em diversas regiões geográficas e pode ser influenciada por fatores como o clima, sombreamento, altitude, espaçamento e colheita.
Controle
A amostragem deve ser feita mensalmente e, em caso de ataque maior ou igual ao nível de controle, deve ser combatida de forma química, cultural e/ou biológica.
Controle químico
O controle deve começar quando a infestação atingir o nível de controle (3% a 5% de infestação de acordo com a amostragem), pulverizando-se as partes mais atacadas da lavoura.
Como o ataque não é uniforme, recomenda-se o controle apenas para os talhões atingidos, para que não haja desperdício de produto e mão de obra.
Controle cultural
A redução do ataque da broca pode ser alcançada durante a colheita, realizando-a de forma bem feita.
Nesse sentido, é importante extinguir as sobras e realizar um repasse na lavoura quando necessário, para evitar a sobrevivência da praga e não contaminar os próximos frutos.
É importante também remover os cafezais velhos e abandonados, pois ali a broca se abriga e encontra condições ideais para a multiplicação.
Controle Biológico
Os fungos entomopatogênicos são agentes de controle de inúmeras pragas, como a broca-do-café.
Tem-se observado a ocorrência do fungo Beauveria bassiana fazendo o controle natural da broca, que fecha o furo feito por ela em forma de um tufo branco.
Ácaro vermelho
É encontrado em condições de seca, com estiagem prolongada. Dessa forma, tem predominância em áreas ensolaradas, já que onde há sombreamento o ataque costuma ser menor.
Ocorre em reboleiras, mas pode se alastrar por todo o cafezal, variando com a gravidade da infestação.
Controle
Períodos de chuvas intensas e constantes podem exercer o controle físico, reduzindo a população do ácaro.
Quando necessário, o controle químico é feito pelo uso de acaricidas específicos registrados para a cultura de preferência e que sejam seletivos aos inimigos naturais, em especial aos ácaros Phytoseiidae.
Deve-se ter cuidados no uso de inseticidas piretróides (utilizados para o controle do bicho-mineiro), pois seu uso incorreto pode provocar a diminuição dos inimigos naturais do ácaro, levando consequentemente a uma infestação.
Cigarras
Esta é uma praga que não é exclusiva do café, podendo atacar também outras culturas.
A cigarra se alimenta da seiva das raízes, provocando a morte das mesmas e a queda da vida útil e produtividade do cafezal, principalmente quando há a morte da planta em decorrência da infestação.
Além disso, esse tipo de praga também facilita o desenvolvimento de doenças ao deixarem as plantas mais fracas e suscetíveis.
Controle
Controle cultural
Consiste na eliminação do cafezal infestado e improdutivo para o desenvolvimento de uma nova lavoura. Ao arrancar as plantas antigas, as larvas da cigarra presentes no solo morrerão por falta de alimento.
Controle químico
Pode-se aplicar inseticidas a base de Aldicarb, Dissulfoton, Terbufos, Phorate, Carbofuran, Imidacloprid e Thiamethoxan, por exemplo.
É importante observar a dosagem recomendada e o modo correto de aplicação de cada produto, que deve ser feita entre outubro e janeiro.
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Faça a Gestão Agrícola e previna-se
A identificação das pragas e o seu monitoramento no campo devem ser levados em consideração para a tomada de decisão sobre o sistema integrado de medidas de controle de que será utilizado.
Portanto, para um eficiente planejamento e acompanhamento das alternativas escolhidas, é essencial ter bons hábitos de Gestão Agrícola, seja por planilhas ou com a utilização de ferramentas digitais, como um Software.
Como as pragas apresentadas varia com as diferentes regiões cafeeiras do país, sendo que algumas ocorrem em todas elas, é importante monitorar de perto cada etapa do cultivo, para não ser pego de surpresa e lucrar menos na safra.
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Letícia de Grande Costa Engenheira Agrônoma (UNESP) e Especialista do Sucesso do Cliente na eAgro.